*** Por Jaime Rodrigues, da Agência Inforpress ***
São Filipe, 16 Mar (Inforpress) - Um dos mais belos e emblemáticos sobrados da parte alta da Cidade de São Filipe, “Bila Riba’, cujos traços arquitectónicos convidam os transeuntes para uma visita ao seu interior, vai ser transformado, ainda este ano, numa unidade hoteleira com 10 a 12 quartos, após a conclusão das obras de restauro.
Construído no final dos anos de 1800, provavelmente entre 1883 e 1895, pelo então comerciante e proprietário João Monteiro de Macedo, popularmente conhecido por “Néné de Djoca”, e esposa D. Ana Júlia Barbosa Botelho da Costa Macedo, este sobrado foi adquirido recentemente pelo dinamarquês, Morten Vincent Jordanson, casado com uma cabo-verdiana, Luísa Francisca Lopes Jordanson.
Consumada a compra, o casal meteu mãos à obra para introduzir obras de restauro, respeitando e preservando na integra os traços arquitectónicos e outros pormenores que fazem deste sobrado, um autêntico pólo de atracção turística e um verdadeiro património histórico-cultural da Cidade de São Filipe e de toda a ilha do Fogo.
Respeitando a filosofia e a tradição antiga do funcionamento dos sobrados, no rés-do-chão, foram instaladas actividades comerciais, nomeadamente estúdio fotográfico, serviço de ‘rent-a-car’, bar/restaurante e escritório e, no primeiro piso, tal como era o costume da vivência nos sobrados, funcionará como área residencial, com quartos para alojamento.
O seu restauro, apesar de não estar ainda concluído, revitalizou e valorizou o edifício, que por si só conta a história de mais de um século de vida da Cidade de São Filipe, aspectos que os proprietários pretendem aproveitar para o desenvolvimento de um turismo cultural.
“Tudo que era possível foi recuperado e reutilizado, desde o soalho de madeira, passando pelas banheiras e chuveiros antigos, incluindo a telha, cuja uma parte foi encomendada em Portugal”, disse Morten Vincent Jordanson, anotando que o sobrado mantém o seu traço arquitectónico original e sem quaisquer alterações.
O montante aplicado no restauro deste edifício não foi revelado. Na opinião de Morten Vincent Jordanson, este facto é de menor relevância, não obstante considerar que é três vezes mais do que o montante necessário para a construção de um edifício de raiz.
Neste sobrado esteve aquartelada nos finais de 1930, uma organização recreativa e paramilitar denominada “Falcões” e em 1994 parte do filme Ilhéu de Contenda, do realizador cabo-verdiano, Leão Lopes, foi rodado neste espaço emblemático, sem contar ainda, que o primeiro telefone que foi instalado na ilha do Fogo, ligava este sobrado às localidades de Monte Barro e Cerrado, casa de campo da família Monteiro Macedo.
O casal Morten Vincent Jordanson e Luísa Francisca Lopes Jordanson, proprietários da empresa “Fogoseafishing”, disse tratar-se de um hotel especial em que os quartos não são identificados através de números, mas sim com nomes de colonizadores e de famílias que viveram em Cabo Verde, entre eles, os de Armand Montrond – Conde francês, ou Miles - o inglês ligado à exploração do sal na ilha do Aeroporto, de modo a poder contar um pouco a historia da cidade, da ilha e do país.
Tanto os quartos como a sala de espera, serão decorados com trechos de história e ilustradas com fotografias antigas e recentes que dão uma dimensão histórica e da própria evolução de São Filipe a da própria ilha do Fogo ao longo dos tempos, uma experiência original que concilia a preservação da história da “Cidade dos Sobrados” com a promoção e o desenvolvimento do sector do turismo cultural e de habitação.
A aposta do casal com a transformação do sobrado num hotel, está virada para um nicho de turistas com uma certa idade, que buscam a segurança, a tranquilidade e a paz, e que se interessam pela história e cultura das ilhas.
De resto, é este o segmento de turistas que tem visitado e permanecido em maior tempo na ilha do Fogo, sendo constituído na sua maioria, por gente oriunda de Norte de Europa.
Para a prestação de um serviço de qualidade, além de restauro/recuperação e transformação do sobrado da “família Macedo”, como é conhecido este edifício em São Filipe, o casal vai também restaurar a casa de campo de Cerrado, que pertencia à mesma família, bem como um sobrado adquirido na localidade de Santo António. O objectivo é criar um roteiro turístico cultural e de habitação.
No Cerrado, além do restauro, o casal pretende implementar um projecto de fruticultura com a fixação de plantas de videira e cafeeiros, árvores cultivadas antigamente nesta localidade.
O restauro dos sobrados, cujo estilo arquitectónico com traço que marca a presença colonial, é uma necessidade que se impõe dado ao estado avançado de degradação de alguns desses edifícios, sobretudo aqueles que foram construídos no final de 1800.
Além do sobrado da “família Macedo”, o de “Nha Martina”, construído, provavelmente, entre 1890 e 1900 por João Vasconcelos Monteiro e o de Francisco do Sacramento Monteiro “Nho Francisquinho”, actual museu, construído entre 1880 e 1890, foram recuperados recentemente, valorizando um dos maiores patrimónios culturais de São Filipe.
O Instituto da Investigação do Património Cultural (IIPC), que restaurou a Igreja Matriz de São Filipe, mostrou interesse em delinear uma intervenção de fundo para a recuperação, no futuro, do conjunto do centro histórico da Cidade de São Filipe.
A ideia deste projecto, prevê uma intervenção no conjunto do centro histórico de São Filipe, com destaque para os sobrados cujo estado de degradação é mais acentuado.
Sabe-se, no entanto, que uma primeira iniciativa do IIPC em recuperar um dos sobrados de São Filipe, não foi avante, devido um “desencontro” de pontos de vista entre esta instituição e o proprietário.
JR
Inforpress/Fim
São Filipe, 16 Mar (Inforpress) - Um dos mais belos e emblemáticos sobrados da parte alta da Cidade de São Filipe, “Bila Riba’, cujos traços arquitectónicos convidam os transeuntes para uma visita ao seu interior, vai ser transformado, ainda este ano, numa unidade hoteleira com 10 a 12 quartos, após a conclusão das obras de restauro.
Construído no final dos anos de 1800, provavelmente entre 1883 e 1895, pelo então comerciante e proprietário João Monteiro de Macedo, popularmente conhecido por “Néné de Djoca”, e esposa D. Ana Júlia Barbosa Botelho da Costa Macedo, este sobrado foi adquirido recentemente pelo dinamarquês, Morten Vincent Jordanson, casado com uma cabo-verdiana, Luísa Francisca Lopes Jordanson.
Consumada a compra, o casal meteu mãos à obra para introduzir obras de restauro, respeitando e preservando na integra os traços arquitectónicos e outros pormenores que fazem deste sobrado, um autêntico pólo de atracção turística e um verdadeiro património histórico-cultural da Cidade de São Filipe e de toda a ilha do Fogo.
Respeitando a filosofia e a tradição antiga do funcionamento dos sobrados, no rés-do-chão, foram instaladas actividades comerciais, nomeadamente estúdio fotográfico, serviço de ‘rent-a-car’, bar/restaurante e escritório e, no primeiro piso, tal como era o costume da vivência nos sobrados, funcionará como área residencial, com quartos para alojamento.
O seu restauro, apesar de não estar ainda concluído, revitalizou e valorizou o edifício, que por si só conta a história de mais de um século de vida da Cidade de São Filipe, aspectos que os proprietários pretendem aproveitar para o desenvolvimento de um turismo cultural.
“Tudo que era possível foi recuperado e reutilizado, desde o soalho de madeira, passando pelas banheiras e chuveiros antigos, incluindo a telha, cuja uma parte foi encomendada em Portugal”, disse Morten Vincent Jordanson, anotando que o sobrado mantém o seu traço arquitectónico original e sem quaisquer alterações.
O montante aplicado no restauro deste edifício não foi revelado. Na opinião de Morten Vincent Jordanson, este facto é de menor relevância, não obstante considerar que é três vezes mais do que o montante necessário para a construção de um edifício de raiz.
Neste sobrado esteve aquartelada nos finais de 1930, uma organização recreativa e paramilitar denominada “Falcões” e em 1994 parte do filme Ilhéu de Contenda, do realizador cabo-verdiano, Leão Lopes, foi rodado neste espaço emblemático, sem contar ainda, que o primeiro telefone que foi instalado na ilha do Fogo, ligava este sobrado às localidades de Monte Barro e Cerrado, casa de campo da família Monteiro Macedo.
O casal Morten Vincent Jordanson e Luísa Francisca Lopes Jordanson, proprietários da empresa “Fogoseafishing”, disse tratar-se de um hotel especial em que os quartos não são identificados através de números, mas sim com nomes de colonizadores e de famílias que viveram em Cabo Verde, entre eles, os de Armand Montrond – Conde francês, ou Miles - o inglês ligado à exploração do sal na ilha do Aeroporto, de modo a poder contar um pouco a historia da cidade, da ilha e do país.
Tanto os quartos como a sala de espera, serão decorados com trechos de história e ilustradas com fotografias antigas e recentes que dão uma dimensão histórica e da própria evolução de São Filipe a da própria ilha do Fogo ao longo dos tempos, uma experiência original que concilia a preservação da história da “Cidade dos Sobrados” com a promoção e o desenvolvimento do sector do turismo cultural e de habitação.
A aposta do casal com a transformação do sobrado num hotel, está virada para um nicho de turistas com uma certa idade, que buscam a segurança, a tranquilidade e a paz, e que se interessam pela história e cultura das ilhas.
De resto, é este o segmento de turistas que tem visitado e permanecido em maior tempo na ilha do Fogo, sendo constituído na sua maioria, por gente oriunda de Norte de Europa.
Para a prestação de um serviço de qualidade, além de restauro/recuperação e transformação do sobrado da “família Macedo”, como é conhecido este edifício em São Filipe, o casal vai também restaurar a casa de campo de Cerrado, que pertencia à mesma família, bem como um sobrado adquirido na localidade de Santo António. O objectivo é criar um roteiro turístico cultural e de habitação.
No Cerrado, além do restauro, o casal pretende implementar um projecto de fruticultura com a fixação de plantas de videira e cafeeiros, árvores cultivadas antigamente nesta localidade.
O restauro dos sobrados, cujo estilo arquitectónico com traço que marca a presença colonial, é uma necessidade que se impõe dado ao estado avançado de degradação de alguns desses edifícios, sobretudo aqueles que foram construídos no final de 1800.
Além do sobrado da “família Macedo”, o de “Nha Martina”, construído, provavelmente, entre 1890 e 1900 por João Vasconcelos Monteiro e o de Francisco do Sacramento Monteiro “Nho Francisquinho”, actual museu, construído entre 1880 e 1890, foram recuperados recentemente, valorizando um dos maiores patrimónios culturais de São Filipe.
O Instituto da Investigação do Património Cultural (IIPC), que restaurou a Igreja Matriz de São Filipe, mostrou interesse em delinear uma intervenção de fundo para a recuperação, no futuro, do conjunto do centro histórico da Cidade de São Filipe.
A ideia deste projecto, prevê uma intervenção no conjunto do centro histórico de São Filipe, com destaque para os sobrados cujo estado de degradação é mais acentuado.
Sabe-se, no entanto, que uma primeira iniciativa do IIPC em recuperar um dos sobrados de São Filipe, não foi avante, devido um “desencontro” de pontos de vista entre esta instituição e o proprietário.
JR
Inforpress/Fim
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