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Sunday, February 5, 2012

O DIA 13 DE JANEIRO NÃO É O DIA DA LIBERDADE E DA DEMOCRACIA

Por Agnelo A. Montrond, USA

COMEMORAR O DIA 13 DE JANEIRO COM A INCLUSÃO DE TODAS AS CABO-VERDIANAS E TODOS OS CABO-VERDIANOS NOS EUA SIM, MAS TENTAR USA-LO VELHACAMENTE PARA FINS ELEITORALISTAS NÃO! Senão vejamos:


Todo o cidadão cabo-verdiano que segue atentamente os acontecimentos históricos e políticos que marcaram e continuam marcando a trajectória do desenvolvimento do nosso querido Cabo Verde, uma nação diasporizada, deveria reconhecer que o 13 de Janeiro, não é o dia da liberdade e da democracia como erradamente vem propalando o MPD, com pompa e circunstância, mas sim que foi o dia em que, pela primeira vez, as cabo-verdianas e os cabo-verdianos foram eleger os seus governantes nas urnas, pelo voto directo, secreto e universal. 13 de Janeiro simboliza sim a livre expressão da vontade popular em Cabo Verde. E as eleições continuam a ter lugar em Cabo Verde nas mesmas condições. Será que cada vez que as cabo-verdianas e os cabo-verdianos votam livremente, temos um dia da liberdade e da democracia?

O que importa também reconhecer é que o dia 13 de Janeiro não caiu de pára-quedas em Cabo Verde; nem é uma conquista exclusiva do MPD; não foi o Dr. Carlos Veiga que cirurgicamente abortou esse dia; não foi o Dr. Eurico Monteiro que apadrinhou esse aborto, e nem tão pouco foi o Dr. Jorge Carlos Fonseca, hoje o nosso presidente da república, o Kunpadri do Veiga em querer proclamar esse dia como uma pertença exclusiva do MPD.

Cumpre-me modestamente contribuir com essa reflexão no sentido de procurar esclarecer a opinião pública sobre esta questão, pois urge despartidarizar o dia 13 de Janeiro, o dia 20 de Janeiro, e o dia 5 de Julho. São datas importantíssimas que devem ser assinaladas e comemoradas por todos os cabo-verdianos, independentemente dos partidos políticos a que eventualmente possam pertencer.

A seguir, apresento alguns elementos que sustentam essas minhas afirmações:

1. KA FOI DIA 13 DI JANERU KI LIBERDADI Y DIMOKRASIA LEBADU PA KABUVERDI DÉNTU DI UN SAKUTÉLU. A liberdade e a democracia têm raízes profundas na nação cabo-verdiana. São conquistas que iniciaram no passado remoto, que continuam no presente, e certamente continuarão no futuro. Fica assim heuristicamente demonstrado que 13 de Janeiro não é o dia da liberdade e da democracia cabo-verdiana, mas sim o dia em que pela primeira vez houve eleições livres e democráticas, graças à abertura política que exemplarmente aconteceu em Cabo Verde com a queda do então artigo 4º da constituição. Desde logo, a queda desse artigo é condição sine qua non para que haja mais liberdade e consolidação da democracia no nosso sistema. E para que tivéssemos o artigo 4º da constituição era necessário termos a nossa constituição da república que jamais seria conseguida em Cabo Verde sem a nossa independência. E a nossa independência é inequivocamente obra do nosso saudoso Amílcar Cabral, o HERÓI DO NOSSO POVO, e os seus companheiros de luta armada e política, nomeadamente Aristides Pereira, Pedro Pires, Abílio Duarte, etc., com apoio de grandes líderes como é o caso do Dr. Agostinho Neto, e outros. Aproveito para afirmar que sem a independência seria impossível termos a liberdade e a democracia que orgulhamos de ter em Cabo Verde, hoje reconhecidas a nível internacional. Recentemente a Hillary Clinton teceu os mais rasgados elogios às autoridades de Cabo Verde, reconhecendo o nosso modelo de democracia e progresso económico.

2. A LIBERDADE E A DEMOCRACIA SÃO IDEAIS QUE NUNCA SERÃO ALCANÇADOS EM PLENITUDE. O QUE TEM ACONTECIDO EM CABO VERDE É A CONSTANTE PROCURA DE MAIS LIBERDADE E DE MAIS DEMOCRACIA. Reconhecer esse facto é ser honesto politicamente. De facto, de 13 de Janeiro de 1991 até a data de hoje, conseguimos mais liberdade e mais democracia em Cabo Verde. E o Dr. José Maria Neves, o nosso Premier, tem toda a razão quando sonha com MAIS CABO VERDE, mais liberdade, e mais democracia. Tanto a liberdade como a democracia continuam sendo conquistas permanentes e colectivas de todos nós. O próprio Jorge Carlos Fonseca exorta que toda a gente deve comemorar esse dia e disse que o nosso sistema democrático ainda tem fragilidades e não é suficientemente forte nem independente. Também afirmou: «... a democracia é um processo em construção e aprimoramento permanentes»

3. BASTA DE DEMAGOGIA POLÍTICA. Quem não se lembra da prepotência dos anos 90, altura em que o MPD tinha prometido liberdade e democracia em Cabo Verde? Quem não se lembra do caso de esbanjamento do embaixador do MPD em Portugal, que por défice de liberdade e democracia em Cabo Verde, provocou a cisão do MPD que abortou o PCD? Foi sob a capa de liberdade e democracia que o Dr. Carlos Veiga expulsou do seu governo o Dr. Eurico Monteiro, ex-ministro da Justiça, Dr. Jorge Carlos Fonseca, ex-ministro dos negócios Estrangeiros, Dr. Cláudio Veiga, ex-secretário de Estado do Emprego, Dr. Alfredo Teixeira, ex-ministro da Administração Interna, entre outros! Quem não se lembra dos directores gerais cujas comissões de serviços foram dadas por findas porque não eram da confiança política do Veiga? Tudo isso sob o lema da liberdade e da democracia? Tanta foram a liberdade e a democracia que propalaram em Cabo verde que chegaram a impor dois primeiros-ministros em Cabo Verde. Sinceramente …

4. Podem vir para os EUA como uma comitiva que traz na bagagem toda uma estratégia eleitoralista, fingindo discursar sobre o 13 de Janeiro para de forma dissimulada fazer campanha para as autárquicas que se avizinham. Já estamos habituados a esses tipos de manobras e subterfúgios. E a batota política é altamente bem arquitectada a ponto de ludibriarem alguns políticos americanos que inadvertidamente deixam-se ser usados. Mas tarde ou cedo darão conta, pois a verdade vem sempre ao de cima, como o azeite.

5. Lanço um apelo para que haja mais unidade e coesão na celebração das datas supra-referenciadas, pois todos ainda somos poucos para participar no processo da democratização da sociedade cabo-verdiana

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