Irmon Kabuverdianus, Nu Uza Y Divulga Alfabétu Kabuverdianu Ofísial(AK, ex-ALUPEC)

Wednesday, December 30, 2009

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA À NAÇÃO POR OCASIÃO DO ANO NOVO 2010



31 Dezembro 2009

Caros Compatriotas: Dirijo-me, neste momento, a toda nossa Nação, aos cabo-verdianos residentes cá na terra e aos cabo-verdianos que vivem nas diversas partes deste nosso mundo.

É com confiança nas nossas capacidades e possibilidades que devemos dar este passo na marcha do tempo. Pois, se nós olharmos, com serenidade, para a caminhada que fizemos durante o ano que agora finda, chegaremos certamente à conclusão que soubemos ultrapassar muitos obstáculos e conseguimos igualmente realizar muitos ganhos.
Continuamos a progredir, com segurança, na marcha por um país cada dia melhor!

No decurso de 2009, passamos por provas bastante sérias. E, com empenho e serenidade estamos conseguindo vencê-las. Na verdade, a resolução dos problemas do quotidiano, a preparação e construção de um futuro melhor para Cabo Verde têm sido e continuarão a ser um desafio permanente, enfim, um enorme, mas valioso e gratificante, investimento individual e colectivo, cujos resultados estamos e vamos continuar a usufruir.
Nos últimos meses, confrontámo-nos com a epidemia da dengue. Devemos reconhecer que, apesar da imprevisibilidade da doença, os serviços nacionais de saúde e os seus quadros estiveram à altura das exigências e necessidades da situação, facto que, além de nos reconfortar, dá-nos garantias quanto ao futuro.

Porém, o esforço empregado não deve ser interrompido!
Desejo destacar, e creio com justiça, a atitude profissional e humanitária dos trabalhadores da Saúde. Deu-me igual satisfação a participação activa da sociedade civil no esforço para a erradicação das causas e dos factores reprodutores da dengue. Representou uma tomada de consciência de responsabilidade colectiva, mas também, revelou o despertar do espírito de solidariedade e do voluntariado em favor de interesses e tarefas comuns. Ficou claro que quando nos unimos podemos vencer mais facilmente as maiores dificuldades que nos batem à porta.

A lição é que as grandes causas pedem que sejamos unidos e solidários: que nos dêmos mãos e actuemos como um só homem, animados de uma vontade única.
O país deu, assim, mostras que vem crescendo e amadurecendo. É importante e indispensável que assim seja! Pois, as nossas responsabilidades aumentam e os desafios tornam-se mais complexos e, por cima, permanentes. Outrossim, as nossas ambições e as metas que desejamos atingir, em todos os domínios da vida, reclamam igual atitude e igual confiança e o mesmo empenho e determinação. Não se pode pensar nem se deve agir de outra forma!
Numa outra perspectiva, a crise económica internacional continuou a provocar sérios danos em 2009, embora haja sinais encorajadores de retoma em várias economias. Não foi possível anular completamente os impactos negativos, apesar das medidas de contenção adoptadas pelos governos. Ainda, não produziram os efeitos previstos. Logo, é preciso esperar um pouco mais! Isso significa que se deve evitar excesso de entusiasmo nas avaliações da recuperação e manter-se prevenido e precavido contra eventuais recaídas.

Em semelhante contexto, se ao Governo cabe adoptar políticas públicas em vista à moderação dos efeitos da crise e ao estímulo da economia, aos agentes económicos, incluindo os trabalhadores, cabe agir em consequência, isto é, com lucidez, com realismo, com determinação e confiança nas suas capacidades e nas possibilidades do país.

A aposta deve ser na melhoria da gestão das empresas e dos negócios; na melhoria da qualidade dos serviços e dos produtos; no aumento da produtividade; na disciplina e moderação de expectativas; na poupança e contenção nas despesas pessoais e públicas.

Por sua vez, a actual conjuntura económica e social nacional pede maior colaboração dos cabo-verdianos. Esta é dos momentos em que a união e a conjugação de esforços de toda a sociedade são indispensáveis, a fim de se poder vencer e ultrapassar os efeitos e constrangimentos decorrentes da recessão mundial, que a todos atingiu.

Acredito que o combate pelas grandes causas deve unir o país. Transformar a economia nacional numa economia competitiva e atractiva aos bons investimentos é uma destas grandes causas, pois, contribuirá para acelerar o crescimento económico e concorrerá para a geração de mais emprego e de mais riquezas.

É certo que a economia nacional tem mantido um crescimento continuado. Porém, para que este crescimento continue sólido é crucial que mudemos de atitude e nos esforcemos mais para garantir a expansão dos sectores produtivos e de serviços e, conjuntamente, melhorar a gestão e o desempenho das empresas e, ainda, melhorar a qualidade e a produtividade da mão-de-obra.

O país moderniza-se. Está evidente no grande impulso que se regista na Educação, na Formação e na apropriação das novas tecnologias, elevando assim a cultura, a qualidade e a capacidade dos recursos humanos. No seu prosseguimento, incumbe aos actores sociais e aos agentes económicos o impulsionamento de iniciativas orientadas para maior e melhor aproveitamento das oportunidades que daí vão surgindo.

E, se repararmos bem, há transformações interessantes que estão tendo lugar na economia, de forma serena e sem alaridos, resultando em criação de um grande número de pequenas empresas e negócios. Tenhamos em vista que o somatório de pequenos ganhos acaba sempre por se converter em grandes ganhos. Por isso, esta área económica requer atenção e estímulos específicos.

Com o aproveitamento das vantagens oferecidas pelas novas tecnologias e pelos investimentos públicos, vê-se o surgimento de uma agricultura mais moderna e mais produtiva, na base de explorações familiares. É outra actividade portadora de boas perspectivas de futuro e que merece atenção. A continuar neste caminho, vamos ver em breve, e sem dar por isso, a nossa revolução verde. Contudo, para lá chegar, os agricultores são chamados a agarrar com força as oportunidades desta conjuntura favorável.

Por outro lado, estou em crer que o sistema financeiro devia estar mais atento e implicar-se mais no financiamento de mais projectos rentáveis e úteis para o real desenvolvimento do país.

Caros Compatriotas, Estimadas Amigas e Amigos,
São muitas, as tarefas que nos esperam em 2010! O nosso compromisso primeiro deve ser concorrer para manter o rumo de Cabo Verde na boa direcção: na direcção do crescimento, da modernização, de união e empenhamento colectivo no esforço de desenvolvimento e de consolidação da economia. Para tal, precisamos de estimular uma autêntica cultura do esforço e da responsabilidade pessoal; e, finalmente, renunciar o facilitismo e a improvisação. Igualmente, é indispensável incentivar, no seio da nossa sociedade, uma melhor protecção à família e um maior civismo a fim de se debelar o desrespeito pela ordem pública, pelos direitos das pessoas e pelo bem público.

Nesta mesma ordem de ideias, devemos empenhar-nos, o que é indispensável, para que o nosso Estado mantenha a sua credibilidade internacional; continue no caminho do aperfeiçoamento e da consolidação, enquanto um Estado de confiança, com instituições de confiança e eficazes e igualmente habilitadas para garantir o impulsionamento ao desenvolvimento; assegurar o respeito pela legalidade; e proteger a segurança e os direitos dos cidadãos.

Estas tarefas maiores apelam à contribuição de cada um, individualmente, e de toda a sociedade, porquanto, somos solidariamente co-responsáveis pela construção de um futuro próspero, justo e seguro para Cabo Verde.

Em 2010, estamos ainda chamados a dar respostas pertinentes a certas questões com impacto decisivo na normalização e na melhor governabilidade do futuro próximo da nossa terra. Estou a pensar na revisão da Lei Fundamental. É das situações em que se revela o grau de maturidade da cultura política de uma sociedade, assim como, o sentido de Estado e o espírito de compromisso dos seus políticos.

Espero que o nosso espírito de compromisso e desejo de bem servir estarão à altura das exigências e o país assistirá, com satisfação, a conclusão deste prometido processo de revisão. Até, porque podemos…

Finalmente, estimadas e estimados compatriotas, auguro novas e decisivas vitórias para o nosso Cabo Verde; e desejo ardentemente que entremos, todos, com saúde, com muita força, com confiança e esperança renovada no ano que dentro de horas vai começar!

Feliz e Próspero Ano Novo.

Muito boa noite! Praia, 30 de Dezembro de 2009.

Fonte: A SEMANA

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