Irmon Kabuverdianus, Nu Uza Y Divulga Alfabétu Kabuverdianu Ofísial(AK, ex-ALUPEC)

Sunday, April 19, 2009

Alguns Elementos Que Nortearam A Justa Homenagem ao Homem Da Cultura Alberto Alves (Neves), nos EUA



Homenagear Alberto Alves não é simplesmente reconhecer o seu mérito, as suas virtudes, o seu dinamismo e a sua dedicação, em prol de Cabo Verde e da nossa comunidade nos EUA. É tambem falar do seu engajamento e da sua intervenção no domínio social e cultural. É navegar num conjunto de valores, como o humanismo, a humildade, a solidariedade e a responsabilidade. Senão vejamos:

Em 1974, ainda muito jovem, com apenas 18 anos de idade, envolveu-se, de corpo e alma, no combate e na defesa dos ideais da liberdade do seu povo e da independência do seu país;

Dois anos mais tarde, em 1976, viria a alistar-se voluntariamente nos campos juvenis organizados na ilha de Santiago, onde activamente participou, durante 45 dias, em trabalhos voluntários, nomeadamente plantação de árvores, ajuda aos camponeses no trabalho agrícola e organização de actividades nocturnas de animação e promoção cultural;

No ano seguinte, ou seja em 1977, dinamizou a criação de um grupo teatral e de uma equipa desportiva na sua aldeia natal, em Luzia Nunes;

Foi no ano 1982 que criou, e dirigiu durante três anos, nos Mosteiros, onde na altura não havia ciclo preparatório, um externato para leccionar alunos naquele nível académico.

Em 1985, dez anos após a independencia nacional, foi membro do comité de luta contra HIV - SIDA e, pouco tempo depois, delegado sindical em substituição;

De 1985 a 1988, sob a sua liderança, ajudou a criar escolas nocturnas de alfabetização de adultos, associações de pais e encarregados de educação, associações de amigos das crianças e associações funerárias, em vários povoados e localidades da ilha do Fogo;

Em 1988, publicou um artigo de natureza cultural, produto de alguma investigação, no jornal “Tribuna”, intitulado: “contribuição ao estudo das cerimónias fúnebres na ilha do Fogo”

Em 1990 escreveu “destinu di Belita”, que foi gravada em França, interpretada pela nossa grande Cesária Évora e musicada pelo maestro Ramiro Mendes;

Em meados de 1990, criou, nos EUA, juntamente com outros destacados patriotas emigrantes, a Associação dos Amigos do Fogo, “AMIFOGO” e ajudou a criar, na mesma altura, a famosa Associação dos Amigos do Concelho dos Mosteiros.

Em 1993 posicionou-se na linha de frente do movimento de apoio às vítimas de erupção vulcânica na ilha do Fogo;

Em finais de 1990 participou activamente no movimento de ajuda às vítimas da cólera na ilha de Santiago;

Em 1998 criou e liderou, durante dois anos, com suporte da “AMIFOGO”, uma escola de Inglês e de cidadania americana, em Dorchester, Massachusetts.

De 1990 a esta parte, vem empenhando-se em escrever, e já conta com algumas dezenas de poemas em português e na língua materna e,mais de uma vintena dos seus trabalhos em “kriolu” foram musicados, cantados e gravados, em várias obras discográficas, com a participação de destacados artistas da nossa cultura musical.

De 2003 até a presente data, vem contribuindo de forma salutar e determinante para, em colaboração com a Associação Comunitária de Luzia-Nunes, ilha do Fogo, e dos emigrantes deste povoado residentes nos EUA, desencadear um valoroso trabalho de construção de estradas de penetração, arruamentos, placa desportiva e canalização de água às residências, considerado por todos, como um verdadeiro trabalho de desenvolvimento local e de luta contra a pobreza no meio rural.

De 2001 a 2009, enquanto deputado da nação, eleito pelo círculo das Américas, utilizou a sua voz, no plenário da Assembleia Nacional e nos meios da comunicação social, no país e na diáspora, para defender os interesses dos emigrantes e dos cabo-verdianos em geral, para unir os nossos compatriotas à volta da terra-mãe, para valorizar os nossos hábitos, costumes e tradições, para dignificar a nossa língua materna e para suportar os princípios de solidariedade, da amizade e “morabeza”, que caracterizam o povo cabo-verdiano.

Em todos os momentos da sua vida, destacou-se como um homem modesto e honesto, muito responsável e trabalhador, um bom chefe de família e educador dos filhos e, também, como um patriota e nacionalista.

Assim, ao usar da palavra, o homenageado, poeta, compositor, homem de cultura e deputado da Nação Alberto Alves (Neves), começou por cumprimentar as personalidades cabo-verdianas e americanas bem como todos os convidados presentes no evento. Aproveitou para agradecer a comissão organizadora do evento, as entidades cabo-verdianas e americanas, os representantes de partidos políticos, dirigentes associativos, artistas, músicos, grupos de dança, patrocinadores e apoiantes do evento, e todos os convidados.

Para ele, a cultura é um elemento importante para a nossa aproximação, para o nosso entendimento e para a nossa unidade. Segundo o poeta homenageado, a cultura nos une independentemente das nossas diferenças. Frisou a importância da cultura no processo de integração e adaptação na sociedade americana, e recomendou a participação dos cabo-verdianos na política americana, para exercerem os seus deveres cívicos e votar, e também concorrer a cargos políticos E porque não? Retorquiu o homenageado.

Em relação à homenagem que lhe foi prestada, disse que recebe-a com toda a humildade, e agradece a comunidade e aos organizadores da homenagem. Disse que «este e um acto que deve ser repetido várias vezes para reconhecer os heróicos lutadores anónimos na comunidade. E uma forma de reconhecer bons exemplos bons princípios, boas praticas e bons valores. Também e uma forma de reconhecer a acção de generosidade de compaixão e de amor. Devemos continuar e homenagear todos aqueles que contribuem na luta contra a crise de valores, contra a criminalidade e a favor de tranquilidade de sossego e de harmonia. Todos aqueles que contribuem para a educação dos seus filhos, que se destacam como pais de referência e lutadores incansáveis para a unidade da família Aqueles que se destacam na área de educação, como bons professores e encarregados de educação Aos que empenham no sector da saúde, no trabalho social e na organização da comunidade. Os que se tornam notáveis na dignificação da nossa língua materna, bem como no teatro, na poesia, na literatura, na pintura, e no desporto. E é justo continuar para reconhecer todos os jovens que se destacam como distintos estudantes, bons especialistas e bons cientistas. Ainda todos aqueles que se revelam notórios na pregação de moral e da fé cristã, e no acto de compaixão e de caridade. Devemos continuar e reconhecer todos aqueles que com empenho e persistência, tornam brilhantes homens da informação e servidores da nossa comunicação social. Igualmente, todos os que conseguem posições de relevo como homens de negócios e investidores. E ainda para todos aqueles que empenham de forma velada e persistente na promoção da imagem de Cabo Verde, e que contribuem no reforço da relação de amizade e de cooperação entre o governo americano e o cabo-verdiano, e entre o povo americano e o povo cabo-verdiano. É só quando valorizarmos a nos mesmos que os outros irão valorizar-nos tambem. Móda Kriolu ta frâ: «si bu simiâ ben simiadu y na txon modjadu, libri di tartaruga y libri di mangra y libri di béntu lésti, bu ta fazê bon kodjéta y bu ta ten bon produsaun». Má tanbê Kriolu ta frâ: «si bu simiâ béntu bu ta kodjê tenporal. » Y bíblia sagrada inda ta frâ: «filho és, pai serás Como fizeres assim acharas.» »

O homenageado compositor e homem da cultura terminou com o poema, Nho Sanfilipi Fésta Djarfogu, que dedicou ao escritor e poeta foguense Pedro Monteiro Cardoso, e que oportunamente daremos à estampa neste jornal. No final da sua intervenção, foi-lhe entregue a placa com a inscrição HOMEM DE CULTURA, pelo membro da comissão organizadora do evento supra-referenciado, Maria João Barbosa.

Em nome de toda a comissão que organizou o evento, aproveito para agradecer a todos os que de uma forma ou de outra contribuíram para o sucesso do evento, uma iniciativa da referida comissão que em estreita parceria com a comunidade, aposta em realizar eventos desta natureza, anualmente, sob o lema: Capacitando-nos com Cultura, Valorizando os nossos Homens e as nossas Mulheres «Pa Un Kumunidadi Forti Y Kada Bes Más Unidu».

Agnelo A. Montrond
Cape Verdean – American Cultural Event Committee (CACEC)
aamontrond@yahoo.com

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