Es fotografia e un kortezia di Stébu ku Trina Graham
Fonte: A NAÇÃO
Barómetro
18-Dez-2008
Danny Spínola,
Escritor
Deve sim. Porque a oficialização da língua cabo-verdiana implica o seu ensino. E ensinando a língua crioula poder-se-à ensinar melhor a língua portuguesa, ou seja, os alunos estarão a aprender melhor o português. As teorias linguísticas dizem que quanto melhor aprendermos a língua materna., mais fácil se torna a assimilação da língua estrangeira. Ainda está a tempo, porque de qualquer forma há que ter um percurso, por isso, é preciso uma reflexão sobre a questão, pois é preciso consenso para que haja um trajecto que nos leve naturalmente à sua implementação. Não se deve fazer a oficialização de nenhuma variante, porquanto, não se faz oficialização da língua em si, mas sim do alfabeto. O ALUPEC é uma proposta que auxilia na escrita da língua cabo-verdiana.
Júlia Melicio Pereira
Professora de Língua e Literatura Cabo-verdiana
Concerteza deve ser oficializado, porque, o crioulo é a nossa língua materna. Por exemplo, quando uma criança nasce a primeira língua que começa a falar é o crioulo, por isso, é bom ser oficializado, está-se a tempo. Por outro lado, é difícil, pois, qualquer língua deve ter uma norma e, é a partir da norma que passamos à escrita, uma vez que, a norma é mais para a escritura. Não obstante, em termos da fala, cada um utiliza a sua variante. Porém, o “calcanhar de Aquiles do crioulo” tem sido a escrita.
Agnelo A. Montrond
Professor de Língua e Cultura Cabo-verdiana
Colégios Bridgewater State College e Massasoit Community College, EUA
Para a oficialização a resposta é sim. Mas, temos que ter em conta quando e como fazê-lo. A ideia da oficialização deve ser valorizada, porque é a única forma de termos a certeza de que a língua não vai desaparecer. Se não for ensinada, se não for falada, a língua acaba por desaparecer. Mas leva o seu tempo, porque o caminho é longínquo, no entanto, já estamos longe de onde partimos. Ainda temos algumas arestas a serem limadas, todavia, para que a oficialização seja bem feita precisamos de tempo, para que as pessoas a possam aceitar. Não queremos através de um decreto- lei impor uma variante ou outra. Ainda estamos na fase de consensos para ver quando é que vai ser oficializada.
Ana Josefa Cardoso
Mestre em Relações Inter culturais
Claro que sim. Faz todo o sentido a oficialização do crioulo. Pois, é a nossa língua e todos os cabo-verdianos falam o crioulo, sobretudo as pessoas que estão na diáspora, porque, sentem a necessidade da oficialização do crioulo, uma vez que, a língua nos une. Assim, podemos comunicar com os nossos compatriotas que estão na França, Luxemburgo, Holanda, Suiça, e mesmo na China, na nossa língua materna. Por isso, a língua cabo-verdiana deve, não só ser valorizada mas também ter um estatuto de acordo com o papel que desempenha para cada cabo-verdiano. Ainda estamos a tempo da sua oficialização. Aliás, temos de ter a consciência de que oficializar a língua não é do dia para a noite, entretanto, é necessário que sejam criadas condições. Portanto, é um processo longo, e não deve ser feito de qualquer maneira. É preciso que todos os falantes vejam o crioulo de uma outra forma, pois, é ela que une o arquipélago e a diáspora.
Tomé Varela
Investigador de Tradição Oral
Eu, como um cabo-verdiano, escritor dessa língua, uma pessoa que fala o crioulo diariamente, penso que já é tarde demais. Já devia ter sido oficializado há muito mais tempo. Temos de distinguir as coisas, uma coisa é oficializar a língua, a outra é escolher variante padrão, são diferentes. Quanto à variante vai depender de muita coisa, mas naturalmente que vai ser escolhida uma variante. Ou seja, tem de se ter em conta a demografia, a facilidade, a identificação com a cultura e assim ser tomado como padrão.
No comments:
Post a Comment