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Wednesday, August 13, 2008

Das Autárquicas Em S. Filipe: Qual É A Melhor Opção?


Agnelo A. Montrond

“Pápa kenti ta kumêdu di bórta;
kurrida-l bésta é tê pé di monti;
só monti ku monti ki ka ta tapâ”

Assim reza a sabedoria popular da ilha do Fogo.

Aquele, cuja estratégia e táctica consistem em tentar fintar o eleitorado e o futuro do concelho de S. Filipe, não é a resposta certa à questão que ora se coloca com alguma pertinência e equidade aos eleitores S. Filipenses.

O concelho de S. Filipe merece do bom, do melhor, e do super. Mas precisa de todos. De todos e sem excepção, incluindo os menos bons, e os medíocres. Todos em massa, os de Bila assim como os de fora, imbuídos do espírito de equipa, cooperação e colaboração, erguidos em defesa dessa justa e nobre causa. Basta de prepotência e do sedentário individualismo político-partidário. Essas não são qualidades nem virtudes do líder que S. Filipe precisa. S. Filipe reclama um verdadeiro líder, com uma postura suprapartidária, capaz de inspirar liderança do topo à base, e vice-versa. E esse líder não se esgota na ligeireza política nem no rótulo do autoproclamado salvador independente, mas deve ser sim o garante de uma visão de unidade na diferença, e de uma independência pragmática e proactiva. É preciso liderar o município tanto do interior como do exterior. Influenciar positivamente o poder central e tirar dividendos para o desenvolvimento local. Importa frisar que ningém sozinho sabe ou é capaz de fazer aquilo que todos nos sabemos ou somos capazes de fazer juntos. Assim porque não promover actividades e intercâmbios com quadros da diáspora no sentido de globalizar a participação de todos os foguenses para reflectir e perspectivar o Fogo do futuro.

Porém, importa entender quais os verdadeiros motivos que tem movido os candidatos a presidente de algumas câmaras em Cabo Verde a desfilar na comunidade nesta época. Somos realmente o centro do poder e o “Wall Street” da Praia. Tudo se decide aqui na metrópole cabo-verdiana. Nova Inglaterra é o verdadeiro capital humano e administrativo de Cabo Verde. Praia é a outra capital. Então respeito é-nos devido. E alertamos que não admitimos ser rotulados de emigrantes ou cabo-verdianos de segunda quando formos de férias, concorrer para cargos políticos, ou investir no país. Que fica escrito e gravado na nossa memória colectiva que não há cabo-verdiano mais do que o próprio cabo-verdiano, esteja ela ou ele a residir no arquipélago ou na diáspora.

Coincidência a parte, interroga-se se haveria alguma correlação entre esses frequentes eventos e as eleições autárquicas que se aproximam. Será o objectivo dessas visitas angariar votos, arrecadar verbas, ganhar “momentum” ou seja inércia, e estimular a influenciação do sentido de votos em Cabo Verde? Porquê tanto interesse pelos EUA com tantas visitas eleitoralistas? Até parece que querem transformar a nossa comunidade num palco de teatro onde cada um vem fazer o seu espectáculo, dizer a sua verdade e acusar a mentira dos outros. Mas afinal como levantar a indeterminação e separar as águas entre a verdade da mentira e a mentira da verdade? Estou certo que não estarei sozinho neste imbróglio entre a veracidade da mentira da verdade e a falsidade da verdade da mentira. O eleitor tem uma batata bem quente à sua espera na urna, no dia 18 de Maio, pf. Mas no Fogo costuma-se dizer que “pápa kenti ta kumedu di bórta”. Talvez seria essa a estratégia mais adequada. Diga-se de passagem, que o sistema autárquico democrático moderno exige uma alternância saudável rumo a um novo ciclo político de desenvolvimento integrado, harmonioso e equilibrado.

O eleitorado foguense deverá escolher indubitavelmente entre a mudança ou a continuidade. Neste particular, os conceitos de mudança e continuidade emprestam subconceitos que importam analisar profundamente e entender as suas “nuances”. O eleitor atento deverá ser capaz de distinguir entre continuar “tout court” e renovar para continuar. Também deverá lembrar que apoiar a continuidade de quem errou é cometer um erro ainda maior. Assim sendo, a escolha acertada deverá incidir no candidato que melhor demonstrar seriedade política e integridade humana. Não se desenvolverá S. Filipe com falsas promessas. De falsos profetas S. Filipe não padece. Todo o cuidado é pouco para se estar ciente à militância disfarçada e de expediente. Todos sabemos que “kurrida-l bésta é tê pé di monti”.

Como diria o meu amigo de Bila, o Pêpê di Nha Téca, o el-rei todo poderoso e dono do Djarfogu, já não se contenta em ter apenas uma cidade limpa, mas sim uma cidade moderna e competitiva que não desvirtua o seu aspecto arquitectónico e histórico. S. Filipe aspira ser uma referência nacional e internacional, um orgulho de todos os foguenses espalhados pelos quatro cantos do mundo. Um pólo de atracção dos quadros e homens de negócios do Fogo. Uma cidade participada por todos os seus sublimes quadros e técnicos. Mas isso terá necessáriamente que passar por uma aposta forte no empoderamento dos mais jovens. Potenciar a juventude: criar mais oportunidades para os mais jovens a nível local, nacional e internacional. Zelar pela necessária sinergia e trabalho de equipa tanto na Câmara como ma Assembleia Municipal. Trabalhar em sintonia em prol do melhoramento da qualidade de vida de cada munícipe. Devemos evitar a todo o custo caluniar, silenciar, espantar ou diabolizar os que embora sejam os nossos opositores, têm algo a dar para o município. Se conjunturalmente não estamos no mesmo comboio, isso não significa que jamais poderemos viajar juntos. Como muito bem diz a sabedoria popular foguense, “só monti ku monti ki ka ta tapâ”.

Importa dizer não à vingança e à fraude eleitoral. Apelamos para uma campanha cívica e pedagógica, sem sobressaltos, onde não haja espaço para crispação ou rancor. Que o voto de cada eleitor seja consciente, informado e inteligente. O presidente eleito deverá assumir-se como o líder e o obreiro que irá servir bem a todos, fazendo mais e melhor, pautando por uma liderança inclusiva na condução dos destinos do município.

Agnelo A. Montrond

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